O setor de embalagens, historicamente, tem um crescimento ligado ao Produto Interno Bruto (PIB). Não por acaso, é visto como um termômetro da atividade: como a economia brasileira é bastante ligada ao consumo, a área possui um ritmo de expansão similar. Mas, desde o início da pandemia, houve um descolamento, puxado principalmente pelo aumento do e-commerce.
Enquanto o PIB teve queda de 4,1% em 2020, o setor cresceu 0,5%, na contramão da indústria. O papel, sozinho, teve alta de 1%.
E, agora, com um crescimento de cerca de 4% esperado para o PIB em 2021, o segmento de papel deve ter um ano ainda melhor. Somente no primeiro trimestre, o crescimento foi de 9,6% na comparação com o mesmo período de 2020, o que fez com que as previsões do setor mudassem. Segundo a Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel), o crescimento anual será de 8,8%, ante 4,9% da estimativa anterior.
Trata-se de um crescimento sustentável? Na visão de Gabriella Michelucci, presidente da Empapel, sim. “O mercado interno está aquecido, e a procura continua intensa. A entrega de alimentação e as compras por e-commerce dispararam. Por isso, os investimentos na área estão subindo.”
Esses bilhões de reais em investimentos têm resultado em mais produção. Em maio de 2021, a prévia do Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO) subiu 24,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse bom momento tem impactado diretamente no balanço das empresas do setor. Não por acaso, nos últimos dois trimestres houve uma virada no balanço da Klabin: o setor de embalagens passou a ser maior do que o da celulose.
Isso fez com que a empresa anunciasse um investimento adicional de R$ 2,6 bilhões no projeto Puma II, localizado na cidade de Ortigueira (PR). O novo aporte será utilizado na instalação de uma máquina de papel cartão, utilizado para embalagens de alimentos. O investimento total na planta será de R$ 12,9 bilhões até 2023.
“Houve muita dúvida no início da pandemia, e tomamos um susto com a demanda. Esse cenário era inimaginável em 2018”, diz Douglas Dalmasi, diretor de embalagem da Klabin.
Após crescer 41% em 2020, segundo dados da consultoria Ebit em parceria com a Nielsen, o aumento esperado para as vendas online é de 26%. Por isso, a Irani, outra empresa focada em papel e listada em Bolsa, está ampliando os aportes.
A companhia já começa a planejar novos investimentos além dos R$ 743 milhões que estão em execução até 2023 na Plataforma Gaia, que é o plano de expansão e modernização das fábricas. No início de junho, a companhia teve um financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 484 milhões aprovados, o que ajudará a companhia a diminuir a alavancagem.
Porém, Sérgio Ribas, CEO da Irani, não está de olho em aquisições. “É preferível fazer um investimento em máquina a fazer uma aquisição e ter um trabalho absurdo de incorporação.”
Os analistas e investidores estão otimistas com o setor. As ações da Irani, por exemplo, tiveram uma alta de 69% desde janeiro. E a tendência é de alta, segundo a corretora XP, principalmente após o crescimento de 214,2% do lucro da Irani no primeiro trimestre deste ano.
A Klabin, por sua vez, não está tendo seus melhores anos na Bolsa. Desde janeiro, as suas ações estão com queda de 3,3%. Porém, na visão do analista Ilan Arbertman, da Ativa Investimentos, o setor de embalagens será um importante vetor de expansão da companhia. Ele enxerga uma possibilidade de alta de quase 50% das ações. ‘A preocupação com o ESG também ajuda o setor, já que o papel é mais sustentável do que o plástico.”
Fonte: CNN Brasil